Tudo tem um lado positivo. Até a crise. Com um menor fluxo de turistas nacionais, alguns hotéis e serviços na Europa, principalmente nos países onde a situação econômica é mais delicada, como Portugal, Itália, Grécia e Espanha (PIGs, na pejorativa sigla em inglês) estão cortando os preços e atraindo cada vez mais brasileiros. Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), alguns destinos estão, em média, 15% mais baratos do que no mesmo período do ano passado. Some-se a isso o fortalecimento do real frente ao euro e o aumento dos rendimentos das famílias por aqui, além das ofertas nas passagens de avião. O resultado? Mais brasileiros viajando pelo mundo.
O presidente da Braztoa, Marco Ferraz, mostra que o que estamos presenciando é inédito. “Em 2008 não sentimos tanto esse efeito quanto estamos sentindo agora. Desta vez, o Brasil está com a economia mais fortalecida. Além disso, a classe C cresceu bastante, e as classes A e B também apresentaram migrações. O brasileiro aprendeu a viajar internacionalmente e agora está colocando isso na sua cesta de consumo, conseguindo se planejar com mais antecedência e fazendo uso de promoções tanto da parte aérea quanto da parte de serviços”, comenta. “Esta semana, o câmbio voltou a subir, mas nada que seja proibitivo para viagens internacionais”, observa Ferraz.
“Há dois anos, viajar para a Europa realmente está mais acessível, em torno de 15%. De um modo geral, viajar para os países em crise acaba saindo mais barato para os brasileiros do que locais como Reino Unido, França e Suíça, por exemplo”, confirma a gerente de vendas da Luck Viagens, Silvana Alencar. “Em outros países, a alimentação básica, o almoço e o jantar, sai, em média, por quase 80 euros. Já, por exemplo, em Portugal, na Espanha e na Itália, é possível gastar apenas 60 euros”, calcula ela.
“Aqui na agência, estamos vendendo muitos pacotes pra Itália e tivemos uma procura muito grande para a Espanha. Para Portugal, a demanda também aumentou pelo fato de o voo da TAP desembarcar em Lisboa, onde as coisas estão mais baratas. Então em vez de uma parada de apenas uma noite, as pessoas estão optando por duas ou três diárias”, acrescenta.
Para se ter ideia, segundo o Ministério da Economia de Portugal, os brasileiros (21,7%) foram os maiores responsáveis pelo aumento das receitas com turismo no primeiro semestre de 2011. Em segundo lugar, ficaram os Estados Unidos (19%). Somente em junho, a receita deixada pelos estrangeiros por lá superou 3 milhões de euros, batendo recorde. Na contramão, as despesas dos portugueses com viagens e turismo no exterior caiu 1,8%. Como mostram os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, os estabelecimentos hoteleiros registraram, em junho, quatro milhões de dormidas, um aumento de 13% em relação a 2010, consequência, principalmente, do alto fluxo de turistas brasileiros e ingleses.
Fonte: JC Online.
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