Cinco homens foram encontrados mortos na madrugada do último sábado, no município de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. Eles estavam amarrados e foram mortos com tiros na cabeça. Entre as vítimas estavam três ambientalistas. Os cinco amigos ocupavam uma casa na área rural de Piraquara. O imóvel pertencia ao ex-secretário municipal de Meio Ambiente de Pinhais, Jorge Roberto Carvalho Grando. Ele, o irmão Antônio Luís Carvalho Grando, que também era funcionário da Prefeitura de Pinhais, o empresário Gilmar Reinert, o funcionário da Colônia Penal Agrícola de Piraquara Valdir Vicente Lopes e Albino Silva, vizinho de Jorge e funcionário da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), foram mortos por volta de meia noite de sexta-feira. Mesmo em profissões diferentes, todos eles tinham alguma ligação ou apoiavam projetos ambientais, de acordo com a polícia.
A polícia suspeita que três ou quatro pessoas cometeram o crime, pela forma como as vítimas foram rendidas. No local, foram encontradas munições de calibres 380, 45 e 40. O superintendente da Delegacia de Polícia Civil, Marco Aurélio Furtado, que investiga o caso, afirma que vai ouvir familiares e amigos das vítimas para verificar se havia dinheiro ou outros objetos de valor na casa do ex-secretário. Segundo Furtado, os homens moravam em regiões próximas e tinham se encontrado para um churrasco.
Segundo Marco Aurélio Furtado, a polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) ou vingança, mas não descarta a possibilidade de crime ambiental. Grando era ligado à uma ONG de preservação do leito do Rio Iguaçu e de outros mananciais de Piraquara, município que fornece água para Curitiba e boa parte da região metropolitana e integrava a Associação Paranaense de Preservação Ambiental do Rio Iguaçu e Serra do Mar (Appam). A polícia realiza buscas por dois suspeitos.
Segundo o delegado, Grando implementava no local do crime um condomínio ecologicamente correto, com construções sustentáveis, e vendia lotes de terrenos no condomínio, o que poderia ter atraído os criminosos em busca de dinheiro. “Tudo leva a crer em latrocínio, pela forma como as vítimas foram executadas”, disse Furtado. Ele acrescentou que os crimes podem estar relacionados ao reconhecimento dos assaltantes, que seriam pessoas do círculo de amizade das vítimas.
‘Perda irreparável’
Os policiais militares e civis foram os primeiros a chegar à casa. Os corpos estavam com as mãos amarradas e marcas de tiros na nuca e nos olhos. Roupas, objetos e documentos estavam espalhados pela casa. Os amigos dos ambientalistas estão inconformados com a morte brutal. “O Jorge era uma pessoa maravilhosa, amigo de todos. Todo mundo gostava dele. Era uma pessoa que dedicou a vida a combater a miséria ambiental e a miséria social”, disse Haroldo de Paula, amigo da vítima. “Tudo o que eu aprendi na questão ambiental, preservação, principalmente na valorização do ser humano, foi através do Jorge. A gente está perplexo. É uma perda irreparável”, comentou Irineu Nogueira, outro amigo.
A polícia fez a perícia do local por volta das 10h e ainda não tinha indícios sobre quem teria cometido os crimes. Uma funcionária da Delegacia de Piraquara informou à reportagem que a hipótese de latrocínio é remota, tendo em vista que os assassinos não levaram bens como carros e motos pertencentes às vítimas.
Fonte: Diário de Pernambuco
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