quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Crise econômica fechou 7,8 milhões de postos de trabalho entre jovens, diz OIT.

A crise econômica que atingiu o mundo nos últimos três anos foi ainda mais grave para os jovens. De acordo com um relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgado nesta quarta-feira (11), a taxa de desemprego na população entre 15 e 24 anos aumentou de 11,9%, em 2007, para 13% no ano passado. Isso significa que 7,8 milhões de jovens não conseguiram – ou perderam – uma ocupação na economia.

O relatório da OIT não detalha números por países, apenas por regiões. Na América Latina, o número de jovens desempregados saltou, entre 2007 e 2009, de 8,4 milhões para 8,8 milhões. Já a parcela da população entre 15 e 24 anos que possui uma ocupação aumentou de 45,7 milhões para 46,1 milhões no mesmo período.

É um quadro bem diferente do registrado nas economias desenvolvidas, como os Estados Unidos e a União Europeia, principais afetados pela crise econômica. Nessas regiões, o desemprego pulou de 9,6 milhões para 11,4 milhões. Praticamente na mesma proporção, o número de jovens empregados caiu de 59,1 milhões para 53,1 milhões.
A OIT afirma que, nas economias em desenvolvimento, a crise aumentou as fileiras de emprego vulnerável e no setor informal. No entanto, não há evidencias do mesmo processo na América Latina, onde o número de trabalhadores por conta própria aumentou 1,7% e número de trabalhadores familiares, 3,8%. Isso significa que, mesmo com as portas de empresas se fechando para novas contratações, os jovens latino-americanos conseguiram driblar a crise e, na maioria das vezes, deram um jeito de manter suas rendas.

No resto do mundo, contudo, a percepção é um pouco mais negativa. Para o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, o desemprego, o subemprego e o desânimo podem ter um impacto negativo a longo prazo sobre os jovens, comprometendo as suas perspectivas futuras de emprego.

- As consequências da crise econômica e financeira ameaçam agravar os pré-existentes déficits de trabalho decente entre os jovens. O resultado é que o número de jovens em trabalhos precários cresce e este ciclo pode persistir por pelo menos mais uma geração.

Somavia acredita que a crise pode ser o momento ideal para modificar conceitos que se mostram ultrapassados, como a falta de investimentos no ensino técnico e a desconfiança no mercado de trabalho em relação à população mais jovem.

- A crise é uma oportunidade para reavaliar as estratégias para enfrentar os graves inconvenientes que os jovens enfrentam quando entram no mercado de trabalho. É importante se concentrar em estratégias globais e integradas que combinem educação e formação, com políticas de emprego orientadas para a juventude.

Nesse sentido, o relatório da OIT faz duas menções ao Brasil. Na primeira delas, elogia o Plano Nacional de Educação, em especial o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos). De acordo com a OIT, programas como esse focam as necessidades do setor produtivo e, em retorno, produzem mão de obra qualificada – principal reivindicação do empresariado.

A segunda menção ao Brasil é em relação ao Bolsa Família. Segundo a OIT, o programa do governo federal é um exemplo de intervenção governamental em épocas de crise. Especificamente em relação ao Bolsa Família, a OIT elogiou o aumento de recursos destinados 12,4 milhões de famílias atendidas. Em 2010, o orçamento do programa teve um reajuste de 307% em relação ao aplicado inicialmente em 2003.



Fonte: R7.

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