segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil e França querem formar indústria aeronáutica conjunta.

Brasil e França divulgaram nesta segunda-feira um comunicado em conjunto para confirmar um acordo de cooperação militar entre os dois países que fornecerá tecnologia à indústria brasileira e tem como foco o mercado na América Latina.

Pelo acordo, o Brasil comprará da França 36 aviões de combate Rafale e 50 helicópteros. Já a França, vai adquirir dez aviões de transporte militar KC-390, que serão fabricados pela Embraer.

O acordo firmado hoje abre caminho também para que os dois países desenvolvam uma indústria aeronáutica em parceria.

Apesar de demonstrar a preferência pelos caças Rafale, o governo brasileiro sinalizou que quer uma redução do preço cobrado pelos franceses.

"Queremos desenvolver uma grande indústria aeronáutica, construir aviões em conjunto, vender aviões em conjunto", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a jornalistas em Brasília, após ter participado das comemorações do 7 de Setembro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o acordo, que permitirá ao Brasil fabricar e vender as aeronaves a outros países da América Latina.

"A visita do presidente Sarkozy é mais que uma visita, é a consolidação de uma parceria estratégica entre dois povos que têm muita coisa em comum", disse Lula.

Lula justificou a decisão de renovar as aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) citando a necessidade de o país proteger a Amazônia e as reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal.

Helicópteros e submarinos

Os acordos assinados hoje também estipulam as bases para a construção de cinco submarinos, um deles de propulsão nuclear, e 50 helicópteros do modelo EC-725, da empresa Eurocopter, filial do grupo europeu EADS, que serão adquiridos em sua totalidade pelo Brasil.

Segundo os convênios, os navios e helicópteros serão construídos no Brasil ---que obterá toda a tecnologia, exceto a nuclear-- e as fábricas que serão erguidas com esse fim serão responsáveis pelas possíveis e futuras vendas a outros países latino-americanos.

Toda essa operação, que será cumprida em várias etapas até 2021, custará ao Brasil US$ 12,317 bilhões, dos quais cerca de US$ 9 bilhões serão destinados à compra dos equipamentos militares.

Caças

Em entrevista coletiva conjunta com Sarkozy, Lula anunciou o interesse em adquirir 36 aviões de combate Rafale, mas não informou se isso significa o anúncio final de uma licitação na qual também concorrem a sueca Saab, com os caças Gripen, e a americana Boeing, com o F-18 Super Hornet.

"É somente uma decisão de iniciar negociações", disse Lula, que, no entanto, deu sinais mais claros depois ao apontar que Brasil e França não estão negociando uma simples associação comercial, mas pretendem 'criar, construir e vender muito juntos'.

O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse que as negociações com a Dassault não se referem a "uma mera compra", porque a França ofereceu "a possibilidade de que os caças sejam fabricados no Brasil", para vendê-los inclusive a outros países da América Latina.

Também indicou que "o principal atrativo da oferta francesa é a transferência real de tecnologia", o que não representa somente "o acesso ao conhecimento, mas também o acesso livre a este tipo de operação comercial".

Sarkozy afirmou que o Brasil 'é um parceiro obrigatório', e ressaltou que a França está convencida de que, em conjunto, os dois países podem 'construir uma grande indústria aeronáutica comprometida com a segurança mundial'.

Essa convicção ficou evidente no comunicado no qual os dois governantes anunciaram sua "decisão" de transformar seus países em "parceiros estratégicos também no domínio aeronáutico", área na qual "possuem vantagens importantes".

Sarkozy, que chegou ao Brasil na noite de ontem, assistiu hoje junto com Lula ao desfile Dia da Independência, que pela primeira vez contou com a participação de soldados e aviões de acrobacia franceses.


Fonte: Reuters.

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