segunda-feira, 16 de maio de 2011

Aprender a poupar é desafio para a nova classe média.

Os 30 milhões de brasileiros que saíram da pobreza no governo Lula e ao longo dos últimos oito anos puderam comprar seu primeiro carro, deram entrada na casa própria e investiram em educação têm no governo Dilma um novo desafio: o de economizar. Com a inflação vencendo todas as aplicações, é grande a tentação de continuar consumindo em vez de direcionar uma parcela dos salário para formar uma reserva financeira. Mas especialistas garantem: juntar um dinheirinho é sempre bom para que o cidadão possa planejar melhor o futuro. O país mudou, com a ascensão dos mais pobres à classe média, mas continua valendo a máxima repetida por gerações: "quem poupa tem".

Uma parcela da população já demonstra preocupação em ter um colchão que amorteça qualquer dificuldade ou que assegure sonhos, como uma aposentadoria mais confortável. É o caso da produtora de vídeo Raquel Magalhães, de 26 anos. "Procuro ter sempre três meses de salário guardados para uma emergência. O restante pretendo usar para projetos futuros, como viagens". A jovem dá uma dica a quem deseja começar a economizar: "Pagar sempre à vista é uma boa maneira de reservar dinheiro. Não tenho cheque especial. Se acabou, acabou e pronto." O conselho ainda vale para muitos brasileiros. As vendas no varejo cresceram 6,9% no primeiro trimestre do ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "A propensão ao consumo ainda é alta. O aumento de renda do brasileiro tende a se traduzir em mais compras", afirma Alexandre Andrade, analista da consultoria Tendências.

Rentabilidade

Raquel reserva 10% do salário para a previdência privada e outros 15% para a aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB), que utiliza a taxa básica de juros da economia (Selic) como referência. "Costumava transferir tudo para a caderneta, mas vi uma oportunidade diferente, que tem mais retorno", conta a produtora de vídeo.

A movimentação de recursos entre as modalidades disponíveis de aplicação, do ano passado para cá, atesta que, como Raquel, outros investidores estão atentos às mudanças macroeconômicas e buscando opções mais rentáveis. Na bolsa brasileira, que acumula perda de 8,76% no ano, houve diminuição de R$ 16,8 bilhões no volume negociado de janeiro a abril de 2011 na comparação como mesmo período de 2010. Segundo cálculos feitos pela consultoria Tendências, a captação da poupança, que foi positiva em R$ 3,7 bilhões no primeiro quadrimestre do ano passado, ficou negativa em R$ 714 milhões nos meses equivalentes de 2011.

Os saques aconteceram por conta do movimento de elevação da Selic pelo Banco Central, que aumentou a atratividade do CDB, por exemplo. A rentabilidade da aplicação melhora conforme sobem os juros e, dependendo da elevação, pode compensar pelo fato de incidir Imposto de Renda sobre a modalidade, o que não ocorre no caso da poupança. A mudança na tendência da política monetária fez com que os ingressos no CDB, que foram de R$ 2,1 bilhões de janeiro a abril do ano passado, saltassem para R$ 23,6 bilhões.

Os fundos de investimento também saíram de um patamar de R$ 28,8 bilhões para R$ 42,5 bilhões. Nesse montante estão incluídas as aplicações em planos de previdência, que subiram de R$ 5,1 bilhões para R$ 7,3 bilhões, o que significa que os brasileiros estão mais dedicados a planejar a aposentadoria. Outra modalidade de aplicação que vem atraindo a atenção – e o dinheiro – dos brasileiros é o Tesouro Direto, cujos aportes subiram de R$ 414,6 milhões no primeiro trimestre de 2010 para R$ 773,5 milhões no mesmo período de 2011.


Fonte: Correio Brasiliense.

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