“Felizmente encontramos um jornalista japonês que conseguiu passar uma mensagem ao Brasil, para a minha filha. Por meio dela, chegou ao corpo consular a notícia de que nós estávamos em Onagawa. Até então, não sabiam que existiam brasileiros lá”, disse Hilton Hanashiro, que trabalhava como operário. Ele falou com a reportagem, por meio de Skype, de um abrigo brasileiro em Kamisato, na região de Saitama, para onde foi levado junto com a família.
Hilton contou que, após o terremoto, foi obrigado a passar a noite desabrigado, na neve, em uma montanha nas proximidades da cidade. “Eu estava no horário de trabalho na fábrica e corremos para o obrigo logo após o primeiro sinal de terremoto. Em seguida, veio o tsunami. Com o tsunami, a cidade foi destruída, todas as vias foram interditadas. A primeira noite, com neve ainda, ficamos ao relento em uma parte alta, em uma montanha. No dia seguinte, conseguimos atingir o ginásio de Onagawa”, disse. Utilizado como abrigo provisório, o ginário hoje ainda está com 2,3 mil pessoas.
Mesmo após chegar ao abrigo provisório, Hilton continuou a encontrar dificuldades. Com a destruição da cidade, não havia energia elétrica, as linhas de telefone não funcionavam e o cenário era de devastação.
“Não há iluminação, não há comunicação, a água e a alimentação são racionadas, o aquecimento não é dos melhores”, disse. “Praticamente metade da população da cidade morreu nesse acidente. A cidade tinha pouco mais de 10 mil habitantes e ficaram apenas cerca de 5 mil”, afirmou.
O resgate de Hilton e mais cinco parentes foi feito pelo consulado, com a ajuda de voluntários como o empresário brasileiro Walter Saito. Segundo ele, quando a comitiva do consulado chegou à cidade, a situação era assustadora.
“O local em que eles estavam era onde a catástrofe foi mais forte. Estavam em um lugar de muito difícil acesso e lutamos muito para chegar. Quando chegamos lá, o susto foi muito grande. Uma catástrofe. É a mesma coisa que você pegar uma caixa de madeira, colocar dentro do liquidificador e bater. Fica só o pó. Foi o que a gente viu lá das casas”, contou.
Para chamar a atenção dos brasileiros, Saito entrava nos abrigos provisórios enrolado em uma bandeira do Brasil. "Quando cheguei lá [no ginásio], o Hilton foi a primeira pessoa que me viu com a bandeira. Chegou e já me abraçou. Nunca me senti tão importante na minha vida”, disse o empresário.
Após deixar o abrigo alugado pelo consulado brasileiro em Saitama, Hilton e sua família iriam se dirigir para Tóquio, e depois tinham a intenção de retornar a São Paulo.
Fonte: Agência Brasil
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