sábado, 26 de junho de 2010

Vitória de Santo Antão consegue "varrer" a lama.

Recomeçar e seguir em frente. Os moradores de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, uma das cidades atingidas pelas enchentes que assolaram 67 municípios em todo o estado, voltam aos poucos ao seu ritmo, uma semana depois. Em alguns lugares, a lama ainda está sendo varrida, mas o espírito é de que, desta vez, as águas que deixaram marcas também ensinaram limites.
Ao contrário da cheia de 2005, onde o prejuízo e a destruição tiveram dimensões avassaladoras, neste ano a maior parte das famílias, residentes nas áreas ribeirinhas deixou as casas ao perceber a elevação do leito do Rio Tapacurá. Não houve tempo de salvar tudo. Apenas o suficiente para um recomeço.

O centro comercial da cidade, na Avenida Mariana Amélia, um dos pontos tradicionais de alagamento, voltou à normalidade e o comércio reabriu as portas. "Foi um prejuízo grande, mas pelo menos a água baixou e a gente já voltou a vender", comemorou o comerciante Edílson Paulo da Silva, 45 anos. Das 911 famílias que deixaram as casas devido às inundações, apenas duas ainda permaneciam até ontem em um dos abrigos municipais.
E do total, apenas 11 serão inseridas no auxílio-moradia. O restante ou voltou para a própria moradia ou está em casa de parentes. Na lista de reconstrução de imóveis, o município calcula 650 moradias. Ou por apresentarem risco de desabamento ou por estarem inseridas em áreas de alto risco.

Até então, a reocupação das moradias em áreas de risco voltou a acontecer logo que a água começou a baixar. A costureira Maria das Neves da Conceição, 44, conseguiu salvar a tempo as três máquinas de costura. Ontem, tentava por em ordem o seu ateliê, que ficou inundado com a água do rio que passa ao lado de sua casa. Mesmo morando perto do perigo, só pensa em voltar a rotina. "O mais importante foi salvar as máquinas. Preciso recuperar parte do material perdido para voltar a trabalhar", disse.

No bairro Jardim Ipiranga, periferia da cidade, o auxiliar de servente Manoel Antônio Pereira, 64, trabalhava para deixar a casa habitável. Sem móveis e com as paredes sem reboco, Manoel só esperou a água baixar para continuar a obra da casa. "Cada dia faço um pouquinho. Meu sonho é colocar a laje e construir um quarto em cima por causa da cheia", contou.
Vítima das duas últimas enchentes, a dona de casa Iraci Maria França Lima, 72, acumula experiência e solidariedade. Ao perceber a elevação do leito do rio, retirou a maior parte dos móveis, roupas e colchões. "Consegui salvar quase tudo e vou doar roupas para quem está precisando. Na cheia passada tive que usar roupa dos outros", lembrou.

A localidade mais atingida no município fica à esquerda do leito do rio. O bairro Dr. Alvinho, praticamente repetiu, em termos de alcance do nível das águas, o que ocorreu há cinco anos. "A água subiu mais de meio metro nas casas", contou Maria de Lourdes Brito, 70. O trabalho de limpeza das ruas foi concluído. Os acessos e o abastecimento de água e energia também foram normalizados.


Fonte: JC Online.

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