segunda-feira, 17 de maio de 2010

Declaração do Irã não é 'balde de água fria' no acordo, afirma Amorim.

O chanceler do Brasil, Celso Amorim, negou nesta segunda-feira (17) que o acordo nuclear firmado pelo Irã com a mediação de Brasil e Turquia para troca de combustível nuclear tenha ficado "comprometido" pelo fato de Teerã ter manifestado a intenção de seguir enriquecendo urânio a 20%.

Segundo Amorim, a declaração, feita depois da assinatura do acordo, "não foi um balde de água fria", e poderia ter como objetivo acalmar setores mais "linha dura" dentro do Irã.

"Em verdade, cada um tem seu público interno", disse o ministro em uma teleconferência em Madri. "Se criarmos confiança, haverá condições de discutir o assunto."

Ele também acrescentou que o Irá, até agora, não conseguiu enriquecer uma "quantidade significativa" de urânio a 20%.

Amorim afirmou que ele e o presidente Lula passaram o dia explicando o acordo a líderes de todas as partes do mundo.

Lula está em Madri para participar nesta terça-feira de uma reunião de cúpula entre América Latina e Europa.

Francesa

O Brasil também desempenhou um "papel fundamental" na libertação da francesa Clotilde Reiss, que retornou domingo a Paris depois de ter ficado retida durante dez meses no Irã, disse Amorim.

"Em todas as vezes que fui a Teerã, este assunto foi abordado. O papel do Brasil foi absolutamente fundamental", disse. "Isso prova que o trabalho feito com discrição gera resultados, assim como a competência da diplomacia brasileira."

O ministro brasileiro fez essas declarações depois de ter deixado Teerã, onde participou do acordo com a Turquia e o Irã para uma troca no exterior de parte do urânio levemente enriquecido desse país por combustível.

Amorim explicou que o presidente Nicolas Sarkozy havia dito há seis meses durante a sua visita a Manaus (Brasil) que qualquer negociação entre a França e o Irã era difícil em razão da situação de Clotilde Reiss.

"Propusemos nossa ajuda por meio de uma mediação para que ela fosse libertada", indicou o chefe da diplomacia brasileira.

Clotilde Reiss, retida há dez meses no Irã por ter participado de manifestações contra o governo, chegou no domingo à tarde à França após uma libertação que não foi fruto de um acordo secreto com Teerã, segundo Paris.

O presidente Nicolas Sarkozy agradeceu "particularmente" ao presidente Lula, ao presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, e ao presidente da Síria, Bachar al-Assad, por seu papel "ativo" na libertação de Clotilde Reiss.


Fonte: G1.

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