domingo, 31 de janeiro de 2010

Metallica compensa 11 anos de ausência com peso e amor em SP.


Já perto do fim do show de abertura do Sepultura, os holofotes do estádio do Morumbi se acendem, iluminando toda a plateia. O Metallica sabe que um bom show também depende também do clima do público, e essa estratégia simples, de trocar o ambiente para marcar a escuridão como o domínio do metal, ajuda a criar a atmosfera das as duas horas de peso que viriam a seguir no primeiro show da banda em São Paulo na noite deste sábado (30) durante sua mini-turnê brasileira de 2010.
Com um céu relativamente limpo e num raro dia sem chuva na capital paulista, a escuridão que precedia a introdução do grupo ao som de “The ecstasy of gold”, de Enio Morricone, era quebrada apenas pela lua cheia que iluminava palidamente o estádio.

Com os quatro veteranos do metal – cada um por seus devidos méritos – em cima do palco, o Metallica abriu o show com a faixa que tem tocado com mais frequência durante a “Death magnetic tour”, “Creeping death”, do álbum “Ride the lightning”. Cumprimentando a cidade com um sonoro “estão prontos?” em português, o vocalista e guitarrista James Hetfield emenda com a poderosa “For whom the bell tolls”, também do disco azul de 1984.

Amor pelos fãs


Para um grupo de rock pesado e com cara de mau, o Metallica parece andar cheio de amor, especialmente pelos fãs. Antes de “Broken beat and scarred”, do último álbum “Death magnetic”, de 2008, James faz um discurso agradecendo o apoio da “família Metallica”. “Muito obrigado por nos apoiarem com a gente nos momentos mais difíceis e nos bons momentos como esse. Fiquem juntos sempre, e tudo estará bem”.

Mais cedo, durante a breve entrevista coletiva no salão nobre do Morumbi, o vocalista também falava da “paixão” dos fãs latino-americanos, especialmente dos brasileiros, e voltou a tocar no tema antes de “Sad but true”, dedicada ao Sepultura. “Eles, assim como nós, sabem que vocês gostam do som pesado. Vocês querem mais peso?”, provocava.

Com um show pontuado por mais momentos de “o Metallica ama vocês”, eles nem parecem a banda que há dez anos chegou perto de processar os próprios fãs que compartilhavam as suas músicas no Napster, e também soam bem mais felizes e à vontade do que na época do controverso álbum “St. Anger”, de 2003, que quase fez o grupo ruir.

O repertório da apresentação foi quase inteiro de clássicos, exceto por quatro faixas de “Death magnetic” – além de “Broken beat and scarred”, “That was just your life”, “The day that never comes” e “The end of the line”, todas do lado A do disco. De resto, foram três músicas da estreia “Kill’em all” (“The four horsmen”, “Motorbreath” e “Seek and destroy”), três de “Ride the lightning” (além das duas na abertura, a pesada balada “Fade to black”), a faixa-título de “Master of puppets”, outras três de “... and justice for all” (“Harvester of sorrow”, “One” e “Blackened”) e mais três do megaplatinado “Black album” (“Sad but true”, “Enter Sandman” e “Nothing else matters”).

Técnica perfeita


Com quase trinta anos de estrada e mais de cinco na formação atual com o baixista Robert Trujillo, eles não precisam provar mais nada em termos de técnica. A guitarra solo de Kirk Hammet é uma das principais estrelas da noite, cobrindo todos os espaços, e mesmo atrás do kit de bateria Lars Ulrich esbanja seu carisma dinamarquês, levantando-se da banqueta sempre que possível. Apesar de se encaixar sonoramente com perfeição, Trujillo é um pouco mais fanfarrão do que seus colegas, como demonstra na esteticamente questionável mania de girar com o baixo no fim do show. Crescendo em um meio onde o punk era tão importante quanto o metal, o Metallica sempre optou por uma cenografia mais clean em relação a colegas mais velhos como o Iron Maiden. Fazendo companhia ao grande telão atrás do grupo, o único efeito complementar são os fogos de artifício e lança-chamas, que funcionam perfeitamente para dar o clima de guerra durante a introdução da antibelicista “One”.


Fonte: G1.

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