É tranquilo o primeiro dia de atendimento do Hospital Miguel Arraes, em Paulista, Região Metropolitana do Recife. O Corpo de Bombeiros está no local na manhã desta quarta-feira (16), realizando uma triagem dos pacientes. Nestes primeiros 15 dias de funcionamento, apenas pacientes encaminhados pelo Samu, Central de leitos do Estado ou Bombeiros darão entrada na unidade. Quem vier por conta própria será orientado a procurar outros hospitais. Por enquanto, serão 47 leitos, o que representa 30% de sua capacidade. Até abril de 2010, todos os 157 leitos serão abertos.
As especialidades do Miguel Arraes são traumatologia, clínica médica e cirurgia geral, com atendimento apenas para adultos. O serviço está apto a receber pacientes de 24 policlínicas, unidades mistas e hospitais de 11 municípios. Além de Paulista, integram a rede Abreu e Lima, Araçoiaba, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma, Olinda (Grande Recife), Condado, Goiana, Itambé e Itaquitinga (Mata Norte).
Este é o primeiro hospital a ser administrado por organização social (OS), modelo que o Estado pretende implantar também nas 20 Unidades de Prontoatendimento (UPAs) e outros dois hospitais metropolitanos, a serem inaugurados ao longo de 2010. As OS são organizações privadas, que receberão dinheiro público para oferecer tratamento gratuito. A escolhida para dirigir o Metropolitano Norte foi a Fundação Professor Martiniano Fernandes - Imip Hospitalar.
Durante a inauguração, o governador Eduardo Campos, neto de Arraes, disse que foi dado o primeiro passo para desafogar as grandes emergências do Recife. “Vamos ter a oportunidade de arrumar o sistema. No HR (Hospital da Restauração, no Centro), 70% da demanda poderia ir para policlínicas ou postos de saúde. Agora 22% poderão ser atendidos aqui.”
CRÍTICAS - Após o descerramento da placa de inauguração, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, conduziu missa, ao lado do padre Edwaldo Gomes, de Casa Forte (Zona Norte do Recife). O arcebispo criticou a situação atual dos hospitais gerenciados pela SES e disse esperar que o caos acabe.
“É constrangedor adentrar nesses hospitais, como o HR, e perceber uma situação muito dolorosa. Nossa intenção é pedir a Deus que os projetos se consolidem e possamos ter a alegria de perceber melhorias. Hoje, infelizmente, o SUS deixa muito a desejar”, alertou.
Moradores do entorno acompanharam toda a cerimônia, ansiando por melhor atendimento. “Tive que internar minha mãe no Hospital Otávio de Freitas (na Zona Oeste do Recife) porque não tinha vaga aqui perto. Espero não passar mais por isso”, comentou a dona de casa Aparecida de Santana, 33 anos, que vive em Arthur Lundgren II, em frente ao hospital.
A inauguração também foi marcada por protesto de entidades contrárias às OS. O Sindicato dos Médicos de Pernambuco e o Sindicato dos Servidores na Saúde do Estado estenderam faixas e distribuíram carta aberta. Esperam que o Ministério da Saúde homologue a resolução do Conselho Nacional de Saúde, aprovada dia 9, que impede o Estado de Pernambuco de administrar os recursos do SUS para a saúde. Segundo a decisão, a SES deixou de cumprir obrigações legais quando contratou uma OS e, por isso, está prevista a penalidade.
Fonte: JC Online.
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