O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou na noite desta segunda-feira, em entrevista coletiva, que os Estados Unidos e Israel "não teriam coragem" para atacar seu país. Perguntado se seu país estava preparado para um ataque militar dos dois países, o líder iraniano disse que "a era dos ataques militares já chegou ao seu fim". Mesmo assim, disparou a provocação. "Aqueles a quem você se referiu não têm coragem para praticar isso."
Ahmadinejad disse também que o Irã, que teria sido o autor da proposta de obtenção de urânio enriquecido no exterior, não chegou a um entendimento com a ONU sobre o programa devido a uma campanha de propaganda promovida pelos países ocidentais, segundo a qual o Irã teria sido enfraquecido por essa solução.
O presidente do Irã também disse que, para essa solução ir adiante, o direito de comprador do Irã - de fazer exigências técnicas dos produtos adquiridos - teria que ser respeitado. "Cabe ao adquirente definir as condições da compra... no Irã, as pessoas não vão aceitar imposições de terceiros", disse.
Ele afirmou também que a atual conjuntura internacional não pode permanecer como tal, pois existe uma necessidade de mudança. "A presença do Brasil no Oriente Médio pode levar a um aperfeiçoamento da cooperação bilateral e multilateral. Pode também ajudar na promoção da paz e da estabilidade", afirmou.
¿Brasil mediador¿
Durante o dia, o líder iraniano apoiou a inclusão do Brasil entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um dos objetivos da política externa do governo brasileiro. O presidente Lula informou que pretende visitar o Irã no primeiro semestre de 2010.
"Aquilo que o Brasil defende para nós, nós defendemos para os outros", disse o presidente Lula durante entrevista de imprensa conjunta no Palácio do Itamaraty. Mediar situações de tensão seria parte da campanha do governo brasileiro para ampliar sua projeção internacional, dizem analistas.
"A política externa atual quer mostrar que o Brasil é capaz de ter papel mais ativo na solução dos problemas", afirmou o coordenador do curso de Relações Internacionais da Faap, Gunther Rudzit. O especialista em Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser vai na mesma linha. "Não se consegue uma vaga a não ser demonstrando capacidade, poder econômico, liderança política."
A vinda ao país do presidente iraniano gerou uma série de protestos, especialmente da comunidade judaica, devido a seus discursos. Ahmadinejad já fez declarações polêmicas defendendo a extinção de Israel, a inexistência do Holocausto, além de se manifestar contra as liberdades sexual e religiosa.
Nesta segunda-feira, manifestantes pró e contra Ahmadinejad tomaram a frente do Palácio do Itamaraty antes da chegada do líder iraniano. A polícia reforçou a segurança no local após sua chegada, inclusive com a presença da cavalaria.
Nesta noite, durante uma entrevista coletiva no hotel onde Ahmadinejad estava hospedado, um homem que estava na sala empunhou a bandeira do movimento homossexual, mas logo foi retirado da sala por seguranças. Mais cedo, citando o exemplo do Brasil, onde as comunidades judaica e árabe convivem de forma pacífica, Lula lembrou que seu governo é favorável à criação de um Estado palestino independente que assegure a segurança de Israel."O Irã pode ter um papel decisivo, não só no Oriente Médio, mas também na Ásia Central. Confiamos na experiência milenar de sua cultura para forjar uma ordem internacional harmônica em sua própria região", disse Lula.
Fonte: Reuters.
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